Era uma vez
Era uma vez...

Fiel? A ti ou ao outro?

Mais uma saída com amigos. Esta acabou em Silêncio depois de muita confusão. Lembrei-me de dizer que a fidelidade é uma ilusão. Caíram todos em cima de mim. “Não sabes o que dizes” gritaram uns. Outros diziam que era completamente louco. E ainda houve quem apontasse o dedo ao facto de não ter relações duradouras. Enfim, todos gritaram e ninguém procurou perceber o que dizia.

A conversa continuou sem abordar directamente o assunto, se bem que lançando ideias que contrariavam aquela que ninguém sequer tinha ouvido. Farto de ouvir “bocas”, recordei-os da obsessão de uma certa mulher – presente naquela sala – sobre a infidelidade do marido. Durante meses andou paranóica com as suas certezas de que o marido tinha uma amante.

Estava desesperada por que o marido já não gostava de sair com ela; já não queria fazer os mesmos programas com ela; ele, no entender dela, estava com certeza com medo de encontrar a amante e por isso negava-se a sair de casa.

Crente da verdadeira infidelidade do marido, decidiu então inventar uma história para o apanhar em flagrante. Na sua folga diria ao marido que ia trabalhar para que ele pudesse ir ter com a amante.

A verdade é que não tinha Coragem de o fazer sozinha, por isso pediu-me para a acompanhar. Ficamos horas diante da casa à espera que o traidor saísse. Ele não saiu. Ainda mais desconfiada, lembrou-se de me pedir para ir visitá-lo; para ver o que se passava.

Lá fui, muito contrariado! Quando lá cheguei senti vontade de rir às gargalhadas durante horas. Estava a ler um livro, relaxado no sofá. Imaginem só que a esposa – que tanto gosta de ler e ficar por casa – preenchia os dias de lazer com inúmeras actividades fora de casa. Ora era cinema, ora era passeio na praia, ora era uma visita a museus, ora era uma saída à noite com os amigos. Nada que lhe permitisse apenas ficar quieto, no conforto do seu lar, a ler um bom livro ou apenas a aproveitar a magnífica companhia da sua linda esposa.

E porquê? – perguntam vocês. «Porque ele gosta.» palavras dela. E quem lhe disse isso? Ninguém! Afinal, essa era apenas a ideia que tinha dele desde que se tinham conhecido.

Pois é! A ideia! A ideia que ela fez dele! E ele é o quê? Apenas uma ideia que ela tem dele ou o que é na realidade? «Ela queria saber se ele era fiel. E fiel a quem? A ela ou à outra que ela é para ele?»