Era uma vez...
Era uma vez...

Artista natural

Todas as manhãs visito-o. Por volta da mesma hora desço a rua e logo sinto o aroma salgado a invadir cada uma das narinas.

Hoje, assim que o toquei com o olhar pasmei-me… parecia entrar na maior sala de espectáculos de sempre.

Assim que apoiei o meu corpo ansioso na primeira fila pude deliciar-me com o bailado de gaivotas que coreografa quando estende os seus braços refrescantes.

Ao bater das asas espreitei as pinturas gravadas na areia à sua passagem.

No vaivém das águas, por breves segundos, descobre dentro de si as obras de arte que esculpe com o seu ondular constante.

E como um actor, com as suas palhaçadas de toca e foge, anima os sorrisos daqueles que por ali caçam conchas que transporta até à margem arenosa.