Na praia com...
Na praia com…

Andar à procura de…

Há mais de um ano, partilhei aqui uma conversa com a minha grande amiga Cláudia Costa. O feedback que recebi foi surpreendente. Não esperava que uma conversa entre duas amigas suscitasse tanto interesse.

Esse interesse levou-nos a gravar mais uma conversa. Esta tem mais de duas horas e prometo que não vou maçar-vos com a conversa na íntegra. Todavia recolhi tanta informação nesta conversa, que decidi dividir em excertos.

Aqui, vou partilhar a parte da conversa em que falámos sobre andar à procura de um (a) companheiro (a). CS corresponde a Cláudia Sofia e CC corresponde a Cláudia Costa. Espero que gostem e, principalmente, que ajude a iluminar o vosso dia.

CS: Essa ideia de andar à procura de… andar à procura de quê?!!! Andar à procura de alguém que te diga Ah tu és tão linda, eu amo-te muito.

CC: Mas há pessoas que andam à procura!

CS: Andam. Por isso mesmo não encontram. E mesmo que encontrassem, entravam em desespero, caso o perdessem!

CC: Oh pah, é muito complicado! Quanto mais velha fico, mais me convenço que é muito complicado. Antes as coisas aconteciam de uma forma tão simples. E agora é tudo tão oco…

CS: E o que é que tu entendes por acontecer de forma simples?

CC: Eu sinto que quando era mais nova, era mais fácil; as coisas proporcionavam-se. Por exemplo, na segunda-feira estive com duas amigas. Uma já tem namorado há muito tempo e a outra diz que, agora, está disponível para o Amor. Mas ela diz que não há ninguém de jeito. E realmente não há. Eu não vejo!

CS: Oh meu Deus! Não há ninguém de jeito? Primeiro, toda a gente tem o seu valor.

CC: Sim, não há ninguém que lhe interesse!

CS: Ok. Não há ninguém que lhe interesse. Isso é diferente! Quando dizes que não há ninguém de jeito, estás a falar do valor dos outros. Quando dizes que não te interessam, falas de ti e das tuas expectativas. Essa diferença é muito importante no Amor. E a tua amiga, achas que está realmente disponível para o Amor ou será que está a necessitar que alguém a ame?

CC: Ela diz que sim, que está disponível. Até para uma pequena aventura!

CS: Bem, só o simples facto de ela dizer “até para uma pequena aventura” já demonstra bem que essa necessidade foi provocada por sentir falta

CC: Que está carente…

CS: Ora! Está carente! E carente porquê? Porque não tem Amor. E não tem Amor porquê? Porque há um Amor que ela pode dar a ela mesma sem mais ninguém, certo?

CC: Sim.

CS: Mesmo assim, nunca o tem! Até porque as pessoas que dizem que andam à procura de, andam à procura de um Amor que já têm, mas não se permitem vivê-lo.

CC: Pois! Mas é triste! Porque nós somos seres relacionais, precisamos dos outros.

CS: Sim, somos seres relacionais. E não, não precisamos dos outros. Nós escolhemos viver com os outros. Há uma grande diferença. De momento, estás solteira e, mesmo assim, vives. Certo?

CC: Sim. Muito sinceramente, nem estou disponível para Relacionamentos.

CS: Ora! Continuas a ser relacional, só que sentes que precisas dar um tempo a ti mesma. Esse tempo é necessário à tua sanidade mental e emocional, por isso vives solteira. E continuas a ser feliz, certo?

CC: Sim, sou feliz. Sinto que sou, a cada dia, mais feliz.

CS: E continuas a ser relacional?

CC: Claro!

CS: Esse estado de ser relacional não faz com que te agarres ao primeiro homem giro que encontras na rua, pois não?

CC: Não! Isso não funciona comigo.

CS: O quê?

CC: Há pessoas que dão muita importância ao físico e eu por acaso não sou assim. Não quer dizer que não goste de um homem giro, mas sempre me senti atraída por pessoas que achava que eram muito inteligentes e que me podiam dar conhecimento.

CS: Porque o que te estimula não é o físico. O que te estimula é a troca de ideias.

CC: E depois vem a desilusão! Por isso, agora, penso que não posso procurar nos outros o conhecimento que eu quero ter. Eu tenho que investir nisso eu própria. Mas eu adoro essa questão da troca de ideias, percebes… Por exemplo, eu gosto muito de estar contigo, porque sempre que eu estou contigo, sinto que aprendo alguma coisa, tu dás-me alguma coisa, percebes!

CS: Sim! Eu também!

CC: E há outras pessoas que não me dão isso. E é tão vazio e depois eu perco o interesse.

CS: Mas isso é normal. Agora, a partir do momento que tu comeces a ter esse conhecimento que tanto queres, tu começas também a emitir outra Vibração e, de certa forma, aquelas pessoas que não te dão isso, vão saindo da tua vida aos poucos e outras vão entrando, outras que te vão dar isso e que vão ajudar-te a desenvolver ainda mais.

CC: Mas não sei até que ponto essas pessoas, pelas quais eu poderia ter interesse, estão nos mesmos meios que eu estou.

CS: Provavelmente não estão.

CC: Pois. Mas eu, se calhar, não tenho a segurança que é necessária para ir para esses meios, percebes? Não me sinto capaz…

CS: E se tu entrares nesses meios com a ideia de aprender, de ter contacto com aquelas pessoas que te vão ensinar e que tu própria procuras para aprender; vais entrar com a atitude de “Eh pah, vim cá para beber da vossa sabedoria”. Tu dizes que aprendes muito quando estás comigo, porque tu vens com essa atitude. Tu vens para trocar ideias e aprender.

CC: E não tenho muito receio de dizer coisas estúpidas, percebes.

CS: Mas a questão é essa, o que tu dizes não é estúpido. De certa forma, as dúvidas que trazes acabam por ser uma forma de partilhar a tua sabedoria, mesmo achando que eu sei mais do que tu. Porque tu também tens o que ensinar, só não tens muita confiança em ti. E estás a sentir necessidade de desenvolver o teu conhecimento em determinadas áreas para falares com mais segurança, mas a verdade é que tu, mesmo não tendo esse conhecimento, vais passando o que foste adquirindo ao longo da vida ou que já trazias contigo. Portanto, naturalmente, se tu entrares numa de aprender – “vou numa de ouvir os outros” – acabas por colocar questões e dessa forma vais estimular uma aprendizagem noutra pessoa. Isso acontece comigo, quando estou contigo. Estás a perceber?

CC: Sim sim.

CS: E nesse Sentido, tu acabas por estimular essa pessoa. E essa pessoa vai olhar para ti como alguém que coloca questões em relação a algumas coisas e acaba assim por trocar ideias de uma forma fluída e de uma forma útil para ambas as partes, mesmo que não saiba muito sobre o tema. Fiz-me entender?

CC: Sim. Tenho que começar a sair mais contigo e com os teus amigos. Talvez conheça o homem da minha “bida”. (risos)

CS: Olha, cuidado! Eu só me dou com homens perfeitos! (risos)

CC: Oh!!! Isso não existe!

CS: Existe sim! Acredita, a primeira coisa que eu procuro num homem é um defeito, porque parto sempre do princípio que as pessoas são todas perfeitas. Acredito que todos somos perfeitos dentro da nossa própria imperfeição. E, no momento em que conhecemos alguém, nós não conhecemos a imperfeição dessa pessoa. E é nesse tempo de descoberta de um defeito que eu percebo até que ponto aquele homem me enche as medidas. E, diga-se de passagem, que as minhas medidas são difíceis de encher! (risos) Depois de encontrar esse defeito, eu tento perceber até que ponto esse defeito encaixa com os meus defeitos. Sim, porque, pode não parecer, mas eu também tenho defeitos. (risos) Por isso, se uma pessoa é perfeita, não vai encaixar com os meus defeitos! Então, há que perceber de que forma é que os defeitos que eu encontrei nesse homem perfeito encaixam com os meus defeitos! E se não encaixarem, isso pode tornar a relação ainda mais interessante, porque nos vai desafiar a encontrar um Equilíbrio.

CC: Mas sabes que, à partida, vais sempre encontrar algo menos agradável.

CS: Graças a deus! Isso faz parte de conhecer alguém. Faz parte do desconstruir aquela imagem de perfeição que todos nós criamos à nossa volta, ou tentamos criar. Pode ser mais difícil para uns do que para outros, uma vez que alguns podem ter algo visível que pode ser encarado como defeito, mas a verdade é que todos nós procuramos esconder os nossos defeitos e criar uma imagem de perfeição, principalmente quando estamos a tentar conquistar alguém. E há pessoas que têm a capacidade – e eu admiro isso – de usar os seus próprios defeitos para seduzir outra pessoa através desses defeitos. E isso é espectacular! Por exemplo, quantas vezes viste homens que não correspondem ao ideal de beleza e têm um monte de mulheres atrás deles? E nem estou a falar de homens com uma boa situação financeira…

CC: Têm uma aura especial, não é? Como algumas mulheres; há mulheres que não são nada de especial – e falo daquilo que é visível à primeira vista – e têm os homens todos loucos atrás delas.

CS: Sim, exactamente. Estas pessoas aceitam-se como são, sem problemas em mostrar os próprios defeitos, e acabam por conquistar quem os rodeia com essa Luz.

CC: É a Confiança.

CS: Auto-estima. E esta leva à Confiança. A verdade é que é com estas pessoas que devemos aprender. Aceitar quem és dá-te Confiança. Essa Confiança vai ajudar-te a estar com as pessoas que podem estimular a tua aprendizagem.