Sopro Divino
Sopro Divino

Porquê?

Por entre a escuridão, uma chama ilumina Ganesha e a Árvore da Saúde.
Várias pedras de quartzo rosa, água marinha, ágata de fogo e jade, rodeadas por um terço verde, os separam.
A chama estremece…
Fecho os olhos e inspiro profundamente.
O batimento cardíaco harmoniza-se com o ritmo da respiração.
Os ombros relaxam e todo o corpo se afunda em direcção ao assento de cânfora…
Aquele baixar à Terra desenrola um som inesperado de água.
Abro os olhos e noto uma redução estranha no tamanho da chama; quase parece apagar-se. E de repente, ganha nova força.
Que estranho!
Subi à mente e ouvi a palavra “porquê”.
Quase em catadupa, surgiram diversas perguntas sobre o porquê daquele som ou do tamanho da chama oscilar ou mesmo o que teria acontecido à vela…
Estas foram silenciadas por outra dúvida…
Porquê tanta necessidade de saber o porquê das coisas?
Temos necessidade de saber o porquê das coisas porque vivemos, hoje, mais com o que a razão nos grita e menos com o que a nossa intuição nos suspira.
Se me permitir ouvir a minha Intuição, ajo sem me questionar o porquê da minha acção. Apenas, ouço a minha Intuição e escolho segui-la, independentemente do porquê daquela experiência.
Por exemplo, experimentem perguntar a uma criança o porquê de ter pintado o sol de cor-de-rosa e a montanha de amarelo. Provavelmente, vai responder: porque gosto assim.
A verdade é que está a deixar levar-se pela Intuição; se o sol a faz sentir-se amada e a montanha lhe estimula a Imaginação é perfeitamente natural que se sinta atraída pelo rosa para pintar o sol e o amarelo para pintar a montanha!
O que vemos depende sempre da forma como olhamos para as coisas e daquilo que está a condicionar o que vemos. Ou seja, esta criança tem uma perspectiva diferente do conceito instituído!
Só por ser diferente, não quer dizer que seja incorrecto!
O mesmo acto pode ser correcto ou incorrecto. Depende sempre da perspectiva, da forma como olhamos para a vida; depende da nossa capacidade de percepcionar formas alternativas de fazer a mesma coisa.
E isso é a base da Criatividade!
Todos nós nascemos equipados com ferramentas que nos permitem criar a vida.
Se pensarmos bem, antes dos três anos, as crianças observam e fazem o que veem fazer. Ou seja, as crianças observam pela simples experiência de observar. E depois imitam, acabando assim por desenvolver a própria forma de fazer certa coisa. Não tentam compreender. Dão espaço à Intuição.
Curiosamente, os adultos acabam por corrigir a criança, com o intuito de a ensinar, sem se aperceber que, ao impor a “forma correcta” de fazer algo, estão a bloquear a capacidade criativa e imaginativa dela!
Ao corrigir estamos a empurrar a criança para o porquê!
Então, estou a fazer e está a funcionar. Não posso fazer assim porquê?
Habitualmente, a nossa resposta costuma ser: esta é a forma correcta.
O que leva a que a criança comece a querer compreender, pela via racional, os acontecimentos, os outros e os ambientes envolventes.
Aí começa a idade dos porquês, entre os três e quatro anos!
E quem disse que há uma forma correcta para experienciar a vida?
Haverá uma forma correcta de viver?
Que mensagem estamos a passar às nossas crianças com esta ideia de perfeição, de ser ou estar correcto?
Vocês não são livres de imaginar, de criar, de sonhar!
E isso castra a capacidade de ouvir o próprio coração.
E desconecta-nos da nossa Intuição.
E motiva medos: medo de não ser aceite, não ser amado, não ter valor.
Por outras palavras, estamos a empurrar as crianças para a mente e a criar limitações em relação à Intuição.
Quase parece que tudo na vida tem de ser justificado, tem de ser percebido!
Será?
Será que viemos a este mundo para perceber o porquê das coisas?
Fazemos parte das leis universais e elas fazem parte de nós!
Apenas não temos Consciência delas, nesta vivência corpórea.
Nem é esse o objectivo desta vivência!
Viemos a este mundo para experienciar a vida terrena, uma vida física!
Viemos a este mundo vivenciar um corpo, a matéria!
E enquanto continuarmos agarrados aos porquês, estamos a manter-nos presos e incapazes de livremente experienciar a vida.
Se continuarmos a questionar o porquê de tudo, não saboreamos a experiência da vida, porque estamos focados no porquê de certa coisa e perdemos a dádiva de nos rendermos à experiência.
E isso impede-nos de ser livres!
Isso impede-nos de cumprir aquilo que viemos cá fazer que é experienciar uma vida terrena.
Aliás, esta Partilha é um bom exemplo disso!
Antes de me deixar enredar pela mente, estava a iniciar o caminho de volta a mim mesma, através do Silêncio. O porquê puxou-me de novo para a mente e aquela experiência de retorno a mim mesma perdeu-se na turbulência mental que me prendeu, quando se deu aquele estranho evento de uma chama a perder e a recuperar a sua força ao som de água.
Aquele prender turbulento e mental desconectou-me de mim mesma!
Não interessa o porquê de fazer a, b ou c…
Não interessa o porquê de acontecer d, e ou f…
Não interessa o porquê!
Sei que esta ideia é contrária a tantas outras partilhadas anteriormente. A verdade é que estas partilhas fazem parte de um processo de descoberta, de desconstrução de mim mesma e de Evolução, de retorno à minha Essência.
E estas contrariedades fazem parte do meu Caminho!
Por isso, o importante não é o porquê de existirem;
O importante é que eu percorra o meu Caminho da forma que faz Sentido para mim, mesmo que, lá à frente, deixe de fazer Sentido!
E não estou a falar de um Sentido racional.
Estou a falar de um Sentido, de um sentir, de um Sensível, de uma força que não se compreende, não se explica, não se consegue pôr em palavras.
É um Sensível que nos empurra para o desconhecido!
A verdade é que tudo o que é desconhecido mete medo!
E depois?
Siga!
Os grandes feitos deste mundo foram realizados com medo!
A par desse medo vem uma enorme esperança, uma enorme Coragem, uma enorme Confiança, uma enorme e Visão do que faz Sentido!
Então, segue essa Visão!
Assume o teu Caminho!
Com Coragem, com Confiança e muita determinação.
Força!

Nota:
Quartzo Rosa: transmite amor, conforto, compaixão, tolerância, aceitação, sustentação e bem-estar.
Água Marinha: ajuda a comunicar os sentimentos e emoções com firmeza e facilidade.
Ágata de Fogo: possui toda a energia do elemento fogo, ou seja, é o cristal de coragem, de iniciativa, de vitalidade.
Jade: cristal da fertilidade, da vida e da criação, da sorte, sucesso e saúde.