De coração aberto
A sociedade tecnológica surgiu, em parte, como resposta à necessidade de tornar as pessoas mais próximas, facilitando assim as relações pessoais, comerciais e institucionais.
Pensando bem, parece ridículo o que acabei de escrever. Hoje é possível falar, ver e alcançar em pouco tempo alguém que está a quilómetros de distância; é verdade e um facto. E mesmo assim, nos dias de hoje, o Relacionamento humano vive carente de Proximidade.
Esta sociedade, órfã de valores e assente numa imagem de perfeição ou em constantes exigências de mais e de melhor, roubou ao ser humano a pureza relacional que nos inunda de Harmonia e Paz.
Quando me refiro à Pureza relacional, refiro-me a tratar as pessoas com naturalidade, sem ser pensado e programado. Sem nos escondermos atrás de máscaras, nicknames ou falsas contas em redes sociais.
A Proximidade não depende do tempo nem da distância espacial. A Proximidade nasce dentro de nós e vive na forma como tocamos os outros, mesmo que seja por um segundo, depois de vários anos de ausência, ou mesmo por breves palavras numa carta ou um sorriso numa fotografia.
E isso é ser puro!
Ser puro é ser fiel a si mesmo, é ser genuíno, é partilhar com os outros o nosso verdadeiro “eu”, aquele que nos é essencial. É relacionar-se com os outros de coração aberto, livre de ideias pré-concebidas… como uma criança, como um ser inocente e ingénuo, que festeja o mais simples dos acontecimentos.
A Pureza de pensamentos, sentimentos, acções e reacções ajuda-nos a viver de uma forma transparente, sem misturas, sem mistérios, dando em cada momento tudo o que temos para dar.
A Pureza mantém o nosso coração e a nossa mente predispostos a receber o lado bom da vida, as coisas boas da vida, as experiências que nos fazem crescer e regressar ao nosso centro, ao nosso Caminho.
Podemos demonstrar a nossa Pureza em cada olhar, cada sorriso, na disponibilidade que oferecemos aos outros, sejam pessoas que amámos ou pessoas que acabámos de conhecer. Esse é o primeiro passo a dar para facilitar as relações humanas.