Em desconstrução...
Em abstracto

Ciúme vs. Desconfiança

O ciúme e a desconfiança são duas palavras tantas vezes usadas como sinónimos.
E esta confusão acaba por reforçar a ideia que ambas são sinais de amor!

Dito isto, quero começar por deixar claro as três premissas com as quais parti para esta reflexão:

(1) Nem o ciúme nem a desconfiança são sinal de amor!
(2) O ciúme é demonstrativo da insegurança em relação a nós mesmos!
(3) A desconfiança é demonstrativa da descrença no outro!

Sendo assim:

O ciúme pode co-existir com o amor, pois podemos amar alguém e ter certas inseguranças em relação a nós mesmos. Quem ama pode sentir-se inseguro, no entanto não é porque sente ciúme que prova o amor que sente!
Por outras palavras, o ciúme nasce da comparação que fazemos entre nós e outra pessoa que está no raio de visão ou acção da pessoa que amamos – olhamos para alguém que achamos ser mais “alguma coisa” (bonito (a), simpático (a), inteligente, divertido (a), que dança melhor, etc) que nós.
Acontece muitas vezes, querer falar sobre essa pessoa, começando por perguntar quem é ou por elogiar, apenas com a intenção de perceber se a pessoa que amamos acha aquela pessoa mais “alguma coisa” que nós. Queremos que o (a) nosso (a) companheiro (a) acalme a nossa insegurança e cale os gritos do nosso ego.
Isso é ciúme!
E tem a ver com inseguranças, com situações mal resolvidas dentro de nós.
Desta feita, o ciúme sinaliza o que precisamos trabalhar em nós, para sermos mais seguros do próprio valor.

A desconfiança não co-existe com o amor. Não acreditar no outro é inconciliável com amar o outro, pois confiar é um dos elementos que constituem o amor.
A desconfiança está vazia de amor!
Desconfiança é quando questionamos o carácter de quem supostamente amamos, apenas porque decidiu divertir-se longe de nós, como sair, ir jogar futebol ou passar um fim-de-semana fora com os amigos…
Neste caso, não falamos; apenas desconfiamos e fazemos filmes na nossa cabeça, porque não acreditamos no amor do outro.
Desconfiança é não acreditar no outro!
Como reacção impensada, provocamos atrito e conflito para impedir aquela distância. Se não conseguirmos evitar a distância, passamos o tempo a telefonar, a enviar mensagens, a tentar perceber quem está com o outro, onde está, o que está a fazer.
E isso não é confiar!
Isso é desconfiar do carácter do outro;
Isso é desconfiar do amor do outro.
Quem ama, não desconfia!
Logo, a desconfiança não prova o amor que sentimos!
Apenas provamos a falta de auto-confiança e de confiança no Outro!
Quem ama, confia!
Quem ama, cuida!
Quem ama, aprende a lidar com as próprias inseguranças, através dos desafios do amor que sente!