Sopro Divino
Sopro Divino

Não tenho interesse…

Será?!
Por vezes, parece que não tenho interesse em conhecer alguém, apenas por não colocar as habituais questões de circunstância, como: Que é que fazes? Onde vives? De onde és? O que é que estudaste? Tens filhos?, entre outras…
Reconheço que costumo ouvir essas questões sobre mim ou sobre pessoas que conheço, no entanto nunca tive o hábito de as usar.
E porquê?
Cheguei a perguntar várias vezes o porquê de assim ser…
Cheguei a questionar se a falta de curiosidade seria demonstrativa de desinteresse…
Enfim, fiz o caminho que faço sempre que sinto necessidade de desvendar mais uma característica em mim…
Este questionar levou-me a uma pergunta mais importante.
(Pelo menos, no meu entender!)
O que é que cada uma dessas respostas dizem de quem Eu Sou?
O que é que a função que desempenho profissionalmente diz de quem Sou?
O que é que a minha idade diz de quem Sou?
O que é que o local onde nasci ou vivo diz de quem Sou?
O que é que o que estudei diz de quem Sou?
Nada diz de quem Sou!
São apenas informações demográficas – profissão, idade, naturalidade, escolaridade…
Logo, nada dizem quem Sou Eu ou quem é esse Eu que pretendo conhecer, ao falar com alguém.
Quando interajo socialmente com alguém, faço-o para conhecer melhor aquele Ser.
E nem sei se é realmente possível saber quem é alguém;
Será possível conhecer alguém para lá dessas informações banais e demográficas?
Por exemplo, o auto-conhecimento é um processo gradual de auto-descoberta; ao longo da nossa vida, desvendamos determinadas características – estas consistem na forma como o nosso Ser se expressa numa vivência terrena.
Somos seres energéticos a viver uma experiência física. Nesse sentido, a nossa energia expressa-se através dos nossos pensamentos, na forma como reagimos ou agimos em determinadas situações, na forma como nos relacionamos com os outros.
O que é visível em nós é uma expressão do que somos e do que o nosso Ser necessita para evoluir e reencontrar-se consigo mesmo.
A verdade é que nada diz sobre quem somos.
Talvez por isso tenha deixado de perguntar quem sou e tenha começado a perguntar por que motivo me comporto da forma que me comporto, por que motivo faço o que faço, por que motivo me relaciono da forma que me relaciono – comecei a tentar perceber qual é a motivação subjacente àquilo que é visível em mim.
Esse é o caminho a trilhar para melhor nos conhecermos.
A verdade é que isso é algo que podemos fazer com os outros, trocar ideias, falar de sonhos, de crenças, de convicções, entre outras coisas… para podermos entrar também nas motivações das acções, dos pensamentos, dos sentimentos das outras pessoas.
Essa descoberta de quem é o outro não passa por registos demográficos.
Muitas vezes, usamos essas questões demográficas por que não nos sentimos à vontade para entrar noutro tipo de conversação, pois ao fazê-lo estamos a expôr-nos a ele, também.
Logo, se não nos sentimos à vontade para sermos vulneráveis, acabamos por não entrar nesse tipo de conversação e, obviamente, a alternativa é construir um registo demográfico que possa dar-nos informações sobre os outros.
Uma conversa livre, de troca de ideias, acaba por nos inspirar a questionar certas frases ou palavras, onde identificamos crenças, preconceitos, convicções que não fazem sentido para nós, mas que estão impressas em nós.
E assim identificamos registos em nós, que não ressoam com a nossa alma, não estão alinhados com a nossa essência; identificamos atitudes e comportamentos que não são condizentes com o Ser que somos, que nos bloqueiam e impedem de realizar os nossos sonhos.
São apenas resquícios de crenças, pensamentos e de convicções de outros, que estiveram em contacto connosco durante o nosso crescimento, e que, de certa forma, deixaram pequenas ervas daninhas dentro do nosso Ser.
Tudo o que acontece nas nossas vidas vem da união das nossas crenças, sonhos e acções. Por isso, é fundamental:

Analisar as influências que os outros têm em nós, principalmente durante a infância;
Identificar as nossas paixões, interesses, talentos ou dons e competências;
Desvendar a nossa personalidade mais característica;
Tomar consciência das crenças que adoptamos ao longo da vida;
Enumerar as experiências de vida que mudaram o nosso rumo;
Tomar consciência das coincidências ou sincronicidades da vida;
Eliminar as crenças que já não nos servem ou que nos limitam e dificultam a vida;
Riscar da nossa linguagem aqueles “mas” que nos impedem de atingir a excelência.

Depois de clarificarmos cada uma das fases descritas anteriormente, poderemos perceber quem somos de verdade, o que nos motiva a ser como somos e a fazer o que fazemos. Nesse momento, poderemos recuperar o nosso poder, reescrever a nossa vida e tornar consciente qual o nosso propósito de vida e qual o significado desta experiência de vida.

Há que ter em conta que existem questões muito difíceis de responder, principalmente quando nos põem frente a frente com aquelas características que não queremos admitir ter. No entanto, convém apostar na empatia e na compaixão própria para admitir essas características, pois serão muito úteis no auto-conhecimento e crescimento como Ser!