Crítica, ao que levas!
A crítica é uma constante das culturas actuais.
Crítica dentro da mesma cultura…
Crítica entre culturas…
Críticamos por tudo e por nada!
E porquê?
Em que consiste este conceito?
Crítica tem origem grega e latina. Do grego kritiké significa juízo. Do latim critĭca (plural neutro) significa crítica ou filologia.
Se olharmos à origem grega, crítica consiste num juízo moral ou intelectual. Habitualmente, é apontada como sinónimo de julgamento, censura, análise.
Se olharmos à origem latina, crítica é associada ao conceito de filologia. Assim, crítica consiste na apreciação de uma criação intelectual, artística ou literária, uma vez que filologia consiste no amor pela literatura, ou seja, apreciação de textos literários.
Por outras palavras, crítica consiste no juízo moral ou intelectual ou na apreciação criativa.
Então, pergunto-me de onde vem a ideia que a crítica é a arte de sublinhar os defeitos dos outros?
Será que está relacionado com a origem grega de juízo moral ou intelectual?
Será, por isso, que o conceito de crítica foi associado ao julgamento depreciativo de pessoas?
E porquê depreciativo?
Será que qualquer juízo moral ou intelectual é por si depreciativo?
E se assim é, para quê fazer juízos morais ou intelectuais?
Se nada acrescentam, para quê desperdiçar energia e tempo a fazê-lo?
Já reflecti várias vezes sobre estas e outras questões como estas, associadas ao julgamento e ao acto de julgar, ao preconceito e à percepção que temos dos outros. Por isso, hoje, prefiro abordar estas questões de outro ponto de vista. Em vez de falar sobre a inutilidade do julgamento, do juízo, da crítica como juízo depreciativo de pessoas, prefiro falar sobre como agir perante um juízo moral ou intelectual depreciativo.
Provavelmente, já ouviste críticas sobre ti.
Provavelmente, já criticaste outras pessoas.
A crítica está entranhada na nossa personalidade, na nossa cultura, na nossa sociedade.
Nesse sentido, há que aprender a lidar com ela de uma forma que nos enriqueça e fortaleça, em vez de nos esmagar contra o chão.
Tantas vezes me senti a afundar em críticas…
Subentenda-se aqui as críticas como juízos depreciativos de pessoas.
Tantas vezes me senti a afundar em críticas, que me empurraram para a dúvida, para o questionar da minha capacidade de fazer ou ser; empurraram para a falta de confiança em mim mesma!
E assim foi, durante anos, até que percebi a origem das críticas.
A crítica, como juízo depreciativo de alguém, nasce na falta de amor-próprio de quem critica.
Quem carrega dentro de si um vazio de amor-próprio, sente necessidade de focar nos outros, pois não quer olhar para si.
O curioso é que tudo o que consegue ver nos outros corresponde apenas ao que não gosta em si.
Posto isto, quando alguém fizer um juízo depreciativo de ti, respira fundo por cinco vezes e centra a tua atenção no teu coração. Procura a compaixão dentro de ti e diz: “Sou grato (a) pela tua sinceridade!”. O outro precisa muito da tua compaixão e tu podes sempre escolher permanecer em paz e sossego, por isso não reajas, apenas aceita o que te dizem e agradece!
Lembra-te sempre, não és responsável pela raiva, mágoa ou frustração das outras pessoas, nem tens o direito de controlar como te vêem.
Cuida da tua paz interior!
Vais ver que a conversa fica por ali e, dificilmente, volta!