Sonho
A cabeça quase explode. As conversas confundem-se no ar. O nariz está roxo de tão massacrado pelo lenço de papel. A garganta arde. O ar queima. E mesmo assim só consigo pensar na imagem clara da cara que me assustou o sono.
Foi tão real que nem consigo perceber como posso lembrar-me tão nitidamente do olhar, daquele olhar que me sorriu em Sonhos. Não consigo perceber!
Quase nem o vejo. Se falei com ele duas vezes é muito. E mesmo assim – de todas as pessoas que poderiam aparecer-me em Sonhos – foi ele que me sorriu, sentado naquela cadeira envolta de confusão. Não consigo precisar onde estávamos, apenas me olhou, sorriu e disse: “Eu sei”.