A nossa raça é a raça do Ser!

Nasci e cresci numa família multirracial…
Aparento ser branca, porém também aparento ser outra coisa qualquer.
Por isso, esta ideia de supremacia racial e étnica é angustiante! Pelo menos, para mim!
Imaginem o que é sentir que temos que discriminar uma parte de nós!
E esta ideologia de supremacia racial e étnica empurra-me para uma Escolha entre antepassados, entre culturas… empurra-me para um conflito comigo mesma, com a minha origem.
Isso é ridículo!
Por isso, falar deste tema obriga-me a assumir a minha posição dentro desta ideia de supremacia racial e isso assusta! E muito!
Enfim, é um Caminho assustador, porém foi este o Caminho que escolhi!
Vamos caminhar juntos, um pouco mais?
Então, bora lá!
Sê bem-vindo (a) a mais um Momento de Clareza.

Sempre tive orgulho na minha origem!
Sempre tive orgulho no meu bisavô indiano e nos meus bisavôs portugueses.
Sempre tive orgulho na minha bisavó N’ganguela.
Já agora, para quem não sabe, N’ganguela é uma tribo que está espalhada pelo continente africano.
Sempre senti orgulho da minha mãe, do meu pai e do fruto misturado que sou.
Por isso, nunca encarei como insulto os comentários preconceituosos que já ouvi ou os olhares de desconfiança e de estranheza que senti.
Sim, também fui discriminada.
Discriminada por ter a cara que tenho, por ser filha de quem sou, por ser mulher, por ter excesso de peso, por não me enquadrar numa raça, cultura ou religião.
Quem discrimina, quem julga, quem rejeita não faz ideia do efeito que esse acto tem no Outro e, como consequência, na sociedade em geral.
A discriminação pode levar à vergonha, a uma Auto-estima diminuída, à rejeição das próprias origens.
Talvez por viver integrada numa família multirracial, o impacto em mim foi leve!
Nunca me senti menos por causa das palavras, das atitudes, dos comportamentos, mais ou menos, preconceituosos na minha direcção.
Não conheço a Intenção de quem o fez. Penso que nem eles conhecem!
A verdade é que isso não é relevante, porque sou eu que defino quem sou!
Sou eu que defino o meu valor e onde quero chegar, como quero lá chegar e porquê!
Sei que essa Liberdade, que concedo a mim mesma, pode encontrar alguns obstáculos no Caminho e que estes podem ser violentos, mesmo assim eu tenho essa Liberdade; essa Liberdade é minha e de mais ninguém!
Quero deixar claro que o facto de ter vivido este lado do preconceito não invalida o facto de ter experienciado o outro lado, também.
A exposição secular a uma mentalidade preconceituosa e assente numa ideologia de supremacia teve e continua a ter um impacto negativo a vários níveis.
Para além de criar uma ilusão de superioridade e levar a pensamentos, atitudes e comportamentos de intolerância, preconceito e ignorância, também enfraquece a identidade colectiva das “raças ditas menores”, ao nível da Auto-estima, do amor-próprio e da Confiança.
Por outras palavras, o impacto dos actos de intolerância, de preconceito depende do valor que reconhecemos na nossa “raça”, ou seja, a Auto-estima, o amor-próprio e a Confiança, individual e colectiva.
E curiosamente, mesmo descendendo de uma família multirracial, levei muito tempo a conseguir perceber o que de errado há nesta ideia de supremacia racial e étnica: nenhuma raça é melhor do que outra, porque a nossa raça é o Ser!
Intitulamo-nos de Humanos… e porquê?
Isso diferencia-nos de todos os outros seres que povoam esta Terra, este Universo; e sem os quais nós não seriamos quem somos – todos os seres têm a sua função neste mundo, funções indispensáveis à sobrevivência de todos nós!
A nossa raça, a raça de toda a Diversidade que compõe este Universo é a raça do Ser!
Ser Vida!
E o que é isso de Ser Vida?
No próximo vídeo vamos abordar a Vida!
E contamos contigo!
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