Rasgo de Luz
Rasgo de Luz

O meu corpo…

Sou mulher!
E, como todas as mulheres da minha geração, tenho situações mal resolvidas com o meu corpo – há quem lhe chame complexo.
Para além de mulher, sou bonita, por vezes inconveniente e extra extra-large – há quem lhe chame obesa.
Esta mulher bonita, inconveniente e extra extra-large, não se enquadra – aliás, desenquadra completamente – no perfil formatado pela sociedade (ou seja, por nós!) para uma mulher de 44 anos.
Conseguem ver o complexo a aumentar?
E será que o complexo é meu?
O meu corpo é (ainda é), tantas vezes, motivo de discussão comigo mesma; conflitos internos de deixar qualquer pessoa depressiva.
(Que exagero!)
E porquê?
Vivemos numa sociedade insana, manipulada pela ideia de beleza vendida pela moda, pelo cinema, pela televisão; questionamos o nosso corpo, questionamos quem somos, sem nunca questionar essa ideia de beleza.
Um bom exemplo disso são frases como: “Tens uma cara tão bonita” (ênfase na cara) “Que pena teres excesso de peso!”…
Não terei sido a primeira nem serei a última mulher a ouvir pérolas do género!
Pérolas que em nada ajudam;
Sei que quem as diz quer o meu bem.
Sei que o faz para motivar a perda de peso.
Só não sei o que querem dizer, exactamente…
Este tipo de frases apenas aumentam o complexo.
(Ou talvez não!)
Afinal, o que é isso de ser bonito ou feio?
E será que querem dizer que o excesso de peso “estraga” a minha cara bonita?
Será que um corpo bonito é obrigatório para se ser bonito?
Será que o excesso de peso faz o meu corpo feio?
Onde querem chegar com este tipo de frases?
Onde querem chegar com este ideal de beleza tão limitado e limitante?
E, já agora, por que razão nos submetemos a isto?
O meu corpo é o veículo que recebi quando aceitei esta experiência terrena.
A vida na Terra é uma experiência de aprendizagem – aprendizagem através de um corpo!
E, curiosamente, é o meu corpo que me permite viver as experiências de aprendizagem – este corpo que, tantas vezes, é motivo de conflitos comigo mesma…
É este corpo, como é hoje, que me permite viver essas experiências necessárias para trilhar o caminho de evolução, que me trouxe a este corpo!
Sem ele nada disto seria possível!
Então, por que razão é “uma pena eu ter o corpo que tenho”, se é este corpo – tal qual é – que me entrega à vida da forma necessária à minha evolução?
A minha evolução depende do meu corpo!
Ou seja, a minha evolução acontece quando aceito o meu corpo sem complexos!
Aceitar o meu corpo consiste em viver em paz com o corpo que tenho!
Aceitar o meu corpo consiste em viver feliz nele!
Aceitar o meu corpo consiste em amar o meu corpo como ele é, tratando-o com amor, cuidado e devoção.
Aceitar o meu corpo como é hoje!
É este corpo que me permite Ser Eu!
O meu corpo é lindo como é!
A beleza do meu corpo acrescenta beleza à minha cara bonita!
A beleza do meu corpo acrescenta beleza ao meu SER!

2 comentários

  • Cláudia Costa

    Não há beleza maior que a beleza da nossa essência mas para isso nem toda a gente tem olhos para ver…❤❤O mundo está construído para lucrar com as nossas inseguranças e nós deixamo nos levar, quais cobaias, não aproveitando a máquina maravilhosa que o nosso corpo é…tenha ele a forma que tiver. É tão ingrato querer viver uma vida significativa num mundo de interesses e podridão

    • Claudia Sofia

      Olá Cláudia.
      Tens razão. No entanto, quando tomamos consciência, recuperamos o poder de volta e aí passamos a ser imensamente gratos por viver uma vida significativa.
      Grata pelo teu comentário.
      Beijinhos!