Amor-perfeito
O mar… sempre ele!
Enorme, molhado, frio e inspirador.
Estava eu, sentada e de olhos cerrados, a sentir a brisa marítima a desorganizar-me os pensamentos.
Queria perder-me no som dele.
Impossível!
Ali fiquei até que desisti.
Abri os olhos e recebi mais um ensinamento salgado.
O encontro entre o mar e as rochas desenhou na areia molhada um coração gigante – sem oscilações, dúvidas e defeitos.
Naquele momento pensei: «A união perfeita que o mundo procura – um amor-perfeito, em harmonia».
Logo percebi o resto turbulento, imperfeito e interrompido por pequenos pedaços de rocha.
«Curioso!» – pensei – «Somos todos assim – imperfeitos, turbulentos e moldados pelas “rochas” da vida».
E mesmo assim, da imperfeição nasceu a união perfeita.
Sim, o amor-perfeito existe e vive dentro da imperfeição humana.